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domingo, 9 de setembro de 2012

Grandes ecologistas - José Lutzenberger

Na seção Grandes Ecologistas dessa semana, um breve resumo da vida desse grande militante brasileiro chamado José Lutzenberger, conhecido também como Lutz.

José Antônio Lutzenberger, (Porto Alegre, 17 de dezembro de 1926 a 14 de maio de 2002), foi um agrônomo e ecologista brasileiro que participou ativamente na luta pela conservação e preservação ambiental. Na obra "Fim do Futuro: Manifesto Ecológico Brasileiro", que lançou em 1980, já previa o problema do aquecimento global (hoje um consenso científico, mas na época um assunto desconhecido da população), alertando por exemplo que "a Amazônia não é o pulmão do planeta, é o ar condicionado do planeta".

Crédito da foto: Jurandir Silveira

Por sua representatividade como liderança social, foi convidado e tomou posse como secretário-especial do Meio Ambiente da Presidência da República de 1990 a 1992, quando se demitiu do cargo, desiludido com a burocracia e os jogos de poder e disputa de interesses em Brasília.

Era filho do artista plástico, arquiteto e professor teuto-brasileiro Joseph Franz Seraph Lutzenberger. Formado em Agronomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Lutzenberger trabalhou durante muito tempo para empresas que produzem adubos químicos, no Brasil e no exterior.

Em 1971, depois de treze anos como executivo da Basf, abandonou a carreira para denunciar o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras do Rio Grande do Sul. A partir de então se dedicou à natureza e defendeu o desenvolvimento sustentável na agricultura e o uso dos recursos renováveis, alertando para os perigos do modelo de globalização em vigor.

Participou de mais de oitenta encontros nacionais e mais de quarenta internacionais. Entre os quarenta prêmios que recebeu está o The Right Livelihood Award (Nobel Alternativo), 25 distinções e inúmeras homenagens especiais.

Participou da fundação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN) - uma das entidades ambientalistas mais antigas do país - e criou a Fundação Gaia. Lutz, como era conhecido, escreveu diversos livros, dos quais um dos mais notáveis é Fim do futuro? - Manifesto Ecológico Brasileiro, de 1976.

Coordenou também os estudos ecológicos do Plano Diretor do Delta do Jacuí (RS), tendo papel importante na implantação do Parque Municipal do Lami, em Porto Alegre, (que hoje leva seu nome), e do Parque Estadual da Guarita, em Torres, entre outras atividades.

Em março de 1990, foi nomeado secretário-especial do Meio Ambiente da Presidência da República, em Brasília, durante o governo de Fernando Collor de Mello, onde permaneceu até 1992.

Nesse período, teve papel decisivo na demarcação das terras indígenas, em especial a dos índios Yanomami, em Roraima, na decisão do Brasil de abandonar a bomba atômica, na assinatura do Tratado da Antártida, na Convenção das Baleias e na participação das conferências preparatórias da Conferência Mundial do Ambiente, a Rio-92.

Lutzenberger faleceu em 2002, com 75 anos. Ele foi sepultado do jeito que desejou, nu, envolto em um lençol de linho, sem caixão, ou seja, sem deixar impactos ao ambiente, de forma coerente com sua vida. Seu sepulcro está próximo a uma árvore, em um bosque do Rincão Gaia, em Pantano Grande.

Fundação Gaia

Localizada em Pantano Grande (RS), a fundação atua na área de educação ambiental e na promoção de tecnologias socialmente compatíveis, tais como a agricultura regenerativa (ecológica), manejo sustentável dos recursos naturais, medicina natural, produção descentralizada de energia e saneamento alternativo.

A sede rural leva o nome de Rincão Gaia, área de 30 hectares situada sobre uma antiga jazida de basalto, e que se tornou exemplo de recuperação de áreas degradadas.

O lugar é habitado por diversas espécies silvestres, como a jaçanã, o martim-pescador, o ratão-do-banhado, a lontra, a coruja-das-torres, e outras espécies animais. Além disso, lá funciona o centro de educação ambiental e de divulgação da agricultura regenerativa.


O RECONHECIMENTO DO TRABALHO

José Lutzenberger recebeu ao logo de sua vida mais de 40 prêmios e cerca de 10 homenagens especiais. Veja a seguir algumas delas.

• "Destaque do Ano em Defesa do Meio-Ambiente em 1973", Rede Brasil de Comunicações, Porto Alegre Country Club, 08 de março de 1974;

• Mérito Agronômico DE 1980, concedido pela Federação das Associações de Engenheiros Agrônomos do Brasil - FAEAB;

• Medalha Bodo-Manstein 1981, conferido pela Liga Para o Meio Ambiente e Proteção da Natureza da Alemanha Ocidental em Worms, no Reno - Alemanha, 17 de maio de 1981;

• Prêmio Especial do Júri - Categoria Ecologia - do Prêmio Lei Sarney a Cultura Brasileira 2a. Edição, em 04 de novembro de 1988, no auditório do Palácio Bandeirantes - SP, promoção do Banco do Brasil S/A;

• The Right Livelihood Award de 1988, conhecido como "Prêmio Nobel Alternativo", em Estocolmo - Suécia, no dia 09 de dezembro de 1988;

• Nomeado Integrante da Ordem do Ponche Verde, no grau de Oficial, pelo então Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Sr. Pedro Simon, em 22 de dezembro de 1988;

• Comenda "Augusto Ruschi", conferida pelo Poder Executivo de Cachoeiro do Itapemirim - ES, em 28 de março de 1989;

• Prêmio Internacional "Vida Sana", 1990, Barcelona, Espanha;

• Nomeado Grande Oficial da Ordem de Rio Branco pelo então Presidente da República Federativa do Brasil, Sr. Fernando Collor de Mello, em 23 de maio de 1990;

• Nomeado Comendador de La Ordem del Condor de Los Andes, pelo então Presidente da República de Bolívia, Sr. Jaime Paz Zamora, em 10 de agosto de 1990;

• Nomeado Doctor Honoris Causa pela Universidade de São Francisco, Bragança Paulista, IV/1991;

• Nomeado Grande Oficial da Ordem do Mérito Brasília, pelo então Governador do Distrito Federal, Sr. Joaquim Domingos Roriz, em 21 de abril de 1991;

• Nomeado Grande Ufficiale Dell’ Ordine Al Merito Della Republica Italiana, pelo então Presidente della Repubblica Italiana, Sr. Francesco Cossiga, em 11 de dezembro de 1991;

• Nomeado Conselheiro Principal da Fundação Brasileira Para o Desenvolvimento Sustentável - FBDS, em 1992;

• Member of The Scientific Board da UTEC-ABSORGA - Viena, Áustria - 1994;

• Nomeado Doctor Honoris Causa da Universität Für Bodenkultur Wien, Viena, Áustria, em 21 de março de 1995;

• Homenageado com o título Brava Gente - Embaixadores do Rio Grande do Sul, pelo Governo de Estado, entregue pelo Governador Antônio Britto, em 18 de outubro de 1996.

• Nomeado Professor Honoris Causa, pela Universidade de Shandong, Província de Jinan, na República Popular da China, em maio de 2000.


Algumas obras lançadas por José Lutzenberger;

- "Fim do Futuro?" Manifesto Ecológico Brasileiro
1976, Ed. Movimento, 4ª. Ed. 98 págs.

- "Pesadelo Atômico"
1980, Ched Editorial, 1ª. Ed. 82 págs.

- "Ecologia - Do Jardim ao Poder"
1985, L&PM Editores, Coleção Universidade Livre, 10a. Ed. 102 págs. - 11ª. Ed. Revisada e Ampliada - 192 págs. 1992.

- "Política e Meio Ambiente",
Co-autoria com Flávio Lewgoy e outros, 1986, Mercado Aberto, Série Tempo de Pensar, 1ª. Ed. 115 págs.

- "Giftge Ernte - Tödlicher Irrweg der Agrarchemie, Beispiel: Brasilien"
Co-autor: Michael Schwartzkopff, Eggenkamp Verlag, Greven 1988, 312 págs.

- "Gaia - O Planeta Vivo (Por um Caminho Suave)"
1991, L&PM Editores, 2ª. Ed. 112 págs.

- "Knowledge And Wisdom Must Come Back Together" 
Publicado em 1994 pela Folkuniversitet da Suécia em forma de livreto. 32 págs.

- "Wir Können Die Natur Nicht Verbessern: Reden und Aufsätze des brasilianischen Ökologen/José Lutzenberger"
Edition Siegfried Pater Bonn, 1996, 76 págs.



Homenagem a José Lutzenberger

Filme LUTZENBERGER - FOREVER GAIA, de Frank Coe e Otto Guerra

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